Páginas

novembro 14, 2008

O ninho de pássaros da terra

Wrong, estava sentado na soleira da porta que dava para o jardim. Este jardim dera muito trabalho para ser criado, lá existiam bromélias, pedras de rio que formavam um pequeno caminho, e muitas flores de diferentes tipos. A última que fora plantada era um orquídea africana que alcança quatro metro de altura. Mas, entre todas as espécies presentes, ele observava uma, na verdade, o galho de uma antiga árvore.
Havia muitos anos que ninguém olhava para o jardim, o contemplasse, apenas Joaquim, o jardineiro que estava uma vez por semana orientado a cuidar das plantas, aparar a grama, plantar flores, lipar o jardim, cuidar das árvores. A vida da família estava tão corrida que mal ficavam em casa e qunado estavam o fazer era dormir.
O casal Wrong e Marie não conseguia parar, as dívidas eram grandes, a casa custara muito e com as notícias de crise econômica estavam amedrontados com a possibilidade de não coneguirem pagar a hipoteca. Estava acontecendo com muitas famílias tal situação. Marie passava trabalhando cerca de doze a quinze horas por dia num restaurante da cidade, ela era a gerente, mas desde que mandara embora o mêtre, desenvolvia vários papéis para angariar fundos. Por sua vez Wrong trabalhava numa multinacional da área de alimentação, era um dos gerentes gerais na cidade de Morgarten, no porto de Willivnox.
Depois que saíram de Illinois, e se instalaram em Morgarten, sentíram-se em casa, compraram um belo terreno na área nobre da cidade e começaram a construção de sua casa, era uma palacete de três andares, com piso em marmore, aberturas de vidro e madeira de lei, enfim, a realização de um sonho antigo. na época a renda do casal era muito grande, mas eles nao contavam com uma crise. Logo que começaram as primeiras quedas na bolsa Wrong e Marie começaram a perceber que a crise estava influenciando não só a economia.
Na soleira da porta, olhando um galho da árvore com um ninho de pássaro da terra, Wrong percebeu que a crise chegar ao seu casamento, ela não só o fez preocupar com a hipoteca, mas fez o distanciar de Marie, cada um passou a despender mais horas para o trabalho e menos horas para o amor, aliás só se encontravam depois da janta e mal se viam ao sair de manhã.
Ao ver o pássaro da terra onstruindo o ninho e a fêmea auxiliando, carregando ciscos e fios para revestir Wrong viu o esforço de Marie e o seu para construir sua casa e agora pagá-la. Naquele instante Wrong levantou-se, foi até o terceiro andar do palacete, entrou no escritório, pegou a carteira que estava sobre uma escrivaninha onde o laptop fica a espera de um usuário, correu até o quarto colocou uma camisa branca com uma pequena linha azul que ganhara da esposa no último aniversário.
Saiu de casa com seu carro abruptamente, ao passar por Joaquim, o jardineiro português que morava em Morgarten desde que seu pai viajou para montar uma padaria naquela cidade, a pedido de um pastor missionário que se radicou em Morgarten. Joaquim nunca quis levar adiante o negócio do pai, deixou para o irmão Manuel, e passou a se dedicar a sua paixão desde criança, a jardinagem.
Dirigia com certa alegria, como alguém que descobrira o segredo. Passou numa loja de chocolates, pegou uma bela cesta com doces de frutas, chocolates e algumas flores, colocou no carro e foi para o Bistrô Meloeve o restaurante onde Marie genrenciava, controlava custos, atendia os clientes mais importantes, fechava contas, controlava a adega de vinhos. Wrong chegou, parecia mais calmo, menos eufórico, estacionou o carro próximo a porta do restaurante, olhou se havia movimento, ainda era cedo, pegou o presente e dirigiu-se até a sala da gerência, Marie não estava lá, mas ele ficou em silêncio, pensando o que diria para ela, refletindo as melhores palavras, mas nada chegava a sua mente com clareza, o coraçõ estava disparado, a respiração ligeira, a calma da chegada se dissipara.
Passado alguns minutos Marie saiu da cozinha onde conversava com o chef. Ao entrar na sala da gerência não percebeu a presença de Wrong, chegou a se assustar qunado o marido disse oi. A primeira palavra dela foi, perguntar o que ele fazia ali, se nao devia estar procurando trabalho, já que queria mudar de ramo. Ela nem observara a cesta de doces e flores. Sentou-se e quando ia começar a usar o computador, Wrong disse a ela, "Marie, eu entendi tudo hoje"
"Como?" disse ela com ar de quem não entendia nada.
"Entendi, amor, a crise é econômica, mas tem uma coisa que nao tem custo nenhum e estamos deixando se transformar numa crise". Fazia muito tempo que Wrong não se dirigia a esposa chamando-a de amor.
"O que foi Wrong, que loucura é essa?" perguntou ela sem entender, pensando que o marido estava enlouquecendo.
Wrong contou em detalhes tudo que observou durante a construção do ninho do pássaro da terra. Várias e várias vezes a fêmea deixou o pequenino galho cair e o macho voou ao chão buscar, na volta eles pareciam se acariaciar com o bico, de forma apaixonada.
"Eu entendi que o problema não está fora, mas como olhamos para o problema de fora e como deixamos ele ressoar aqui dentro" disse o marido.
Marie constinuava sem entender nada. Num instante, Wrong pegou as flores que estavam na cesta que Marie nem tinha percebido, levantou foi para trás da mesa da gerência, pegou a mão de Marie, olhou em seus olhos, entregou as flores, Marie começou a chorar, parecia que tudo que o marido falara começou a fazer sentido. O beijo foi o mais apaixonado dos últimos anos, fazendo lembrar dos primeiros beijos de amor do casal.
Os dias seguiram, o casal de pássaros da terra iam e voltavam na busca de alimentos para os dois filhotes que nasceram, mais alguns dias e eles estariam voando. Tudo aconteia normalmente, Joaquim deixando o jardim cada dia mais belo. Quanto a Wrong e Marie, eles acompanhavam tudo de mais lindo que acontecia no seu jardim, contemplando as flores e, o mais importante, regando o sentimento de amor que um nutria pelo outro. A crise econômica continuava, ambos trabalhando muito para saldar as contas, mas com uma tranquilidade invejada e uma amor maravilhoso.

Nenhum comentário: