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setembro 13, 2010

Sobre a Identidade

     Quem és, quem sou? Todos fazemos estas perguntas várias vezes durante a nossa existência. E quais as repostas a que chegamos, ou melhor, como chegamos a resposta a esta pergunta, que aparenta ser tão simples, mas guarda em si uma complexidade importante, como nos mostra o Psicólogo brasileiro Ciampa (2001).
    A resposta a estas perguntas dizem respeito a nossa identidade, que vai se formando antes mesmo de existirmos no mundo, quando nossos pais, ao pensarem nosso nome, nos vão fundando, entretanto tal identidade só é efetivada com o nascimento, e com o nosso nascimento fundam-se outras identidades, como a de pai e mãe, daqueles que nos geraram, que necessariamente deixam de ser filhos para serem pais, ao mesmo tempo em que continuam a ser filhos. Assim a resposta a pergunta de quem somos, ou as respostas, referem-se a um conjunto de representações que respondem a esta pergunta. Voltando ao nosso nome, ao mesmo tempo que ele nos diferencia, o sobrenome nos iguala aos demais familiares, assim, o processo identificatório é um continuo diferenciar-igualar.
    Mas a final, como se constitui a identidade? Como referido acima, trata-se de um fenômeno biológico-social. Biológico, porque ela necessita de um corpo físico para existir, entretanto tal fato não é suficiente para garantir a identidade, pois ela trata-se de um fenômeno que se constitui na relação deste organismo com os demais (com seus pais, antes mesmo do nascimento, que vão fundando física e socialmente o filho) e é justamente na existência social, na experiência relacional que um conjunto de representações de mim vão sendo forjadas ou formadas, garantindo a minha existência. Dito de outra maneira, é no exercício dos papéis, ou de meus nomes (substantivos) que minha identidade existe.
     Se preciso de um corpo físico para que a identidade possa habitar, e de um espaço social para que possa acontecer, estamos admitindo que para que possamos entendê-la, reconhecê-la é fundamental compreender não só as leis orgânicas (físicas) de sua constituição, mas principalmente do momento histórico-social que nossas identidades vão sendo forjadas, o que de acordo com Jacques (1998) significa reconhecer que as possibilidades ou impossibilidades de ser o que se é em determinado tempo e espaço , são decorrências do contexto histórico e social em que se vive. Por conseguinte, como assumimos que é produtor e produto do contexto que experiencia, é produto e produtor de sua identidade, nas palavras da autora supracitada "personagem de uma história que ele mesmo constrói e que por sua vez o vai constituindo" (p.163).
    Portanto para compreender a identidade é necessário reconhecer a sua fluidez, ou seja, a sua necessária "metamorfose" como refere Ciampa (2001). Reconhece-se que a identidade é um processo que sofre mudança constante, com a emergência de novas representações de mim mesmo em mim mesmo. Da mesma forma, necessitamos aceitar a dicotomia igualdade-diferença, ou seja, o sujeito é o único e ao mesmo tempo pode ser mais um de um mesmo grupo. Também necessita a articulação "caótica" de uma conjuntura que é individual, mas social ao mesmo tempo; possui uma estabilidade e ao mesmo tempo apresenta-se em constante transformação; refere-se a igualdade e à diferença, na sua unicidade e na sua totalidade (filho/filho-pai-marido-professor-etc). Isso significa aceitar o fato de que sou mais que o nome, mas o exercício dele.
    Para finalizar recorro às palavras de Jacques (1998, p.165) "a identidade é aprendida, através da representação de si em resposta a pergunta 'quem és'. Esta representação não é uma simples duplicação mental ou simbólica da identidade, mas é resultado de uma articulação entre a identidade pressuposta (derivada do papel social), da ação da ação do indivíduo e das relações nas quais está envolvido concretamente".

Abraços, Felipe

setembro 12, 2010

(Re)flexões

   Nas horas em que o sono foge, aparecem os lampejos de uma mente que luta para pensar, para refletir sobre a vida e a experiência. E nestas horas em que o silêncio e a escuridão da noite fecundam o exercício filosófico,  fico a devanear sobre o mundo, as coisas, os homens, as vidas.
   A cada dia que passa vamos assistindo a uma perda gradativa, por vezes nada lenta, da capacidade que nos diferencia dos demais animais que é a capacidade de pensar, parece que pensar está faatigando, cansando, exaurindo o pensante, de tal forma que se quer ele se arrisca a pensar. Simplesmente produz, copia, imita, não flexiona, não pensa, não cria, nas palavras de Pucci, "não fala com a própria boca e pensa com a própria cabeça", ação esta que tem se tornado escassa. Quando aparece é marcada até como loucura, ou alta prosopopéia.
   Mas o que pode estar fundando este sujeito novo, "moderno", pós-moderno, contemporâneo, líquido, enfim que nem tem nome definido ainda? será que já temos respostas para esta pergunta? De onde podemos pensar? Podemos imaginá-lo fruto de um sistema, mas seria simplista demais, podemos pensar que é a marca da égide do ter, e não do ser, do consumo, do hedonismo, da farsa da felicidade anunciada, prometida e que nunca se efetiva. Mas estas explicações não mudam os fatos, talvez servem para que possamos compreender, ou tentar explicar as mudanças, ou a forma como o Homo liquodernus, está constituido.
   É na realidade que podemos entender, criticar, agir, pensar. Esta última, como a ação que está sendo apagada das características filogenéticas humanas.

Abraços

agosto 15, 2010

Dilma, Serra ou Marina?

Olá Pessoal!

O dia da escolha está chegando. E quem vamos eleger para governar o país?
Continuar com a dinâmica do governo Lula, retornar à dinâmica do PSDB já conhecida com o trabalho realizado pelo FHC, ou inovar com uma proposta sustentável de Marina e o PV?

Não tenho uma resposta para este questionamento, mas tenho ouvido a Marina Silva e seu discurso tem me agradado muito, pela coerência, história, propostas...

Veja mais em - Marina Silva

agosto 01, 2010

A perda do humano

Nos últimos tempos, e quando refiro últimos penso um tempo suficiente, porém não tão longo do ponto de vista histórico, ou cronológico. Um tempo necessário para a constituição dos sujeitos tal como têm se mostrado. Mas como é esse sujeito ou são esses sujeitos?
 
É ao longo da história que fomos assistindo o ser humano se transformar ou transmutar para um outro ser. Um ser que tem a sua frente um panfleto de anúncio de produtos para serem consumidos, por um alguém que não possui nenhuma possibilidade de desejo autêntico, apenas desejo desejado pelo anúncio que normatiza o desejante, tornando-o um ser objeto, alvo.
 
Na pressão do anúncio, e do desejo introjetado o ser faz um esforço além do humano para conquistar ou viver o desejo-anúncio. Ao lado seguem as notícias dizendo este mesmo ser deve viver-prazer, ser-prazer, onde não há lugar para o sofrimento, a dor ou simplesmente o interdito natural, das dificuldades ou barreiras-transponíveis para a experiência prazerosa.
 
Assim, diante do dilema viver-prazer-desejo-anunciado e da impossibilidade natural, emerge o ser que luta para ser o que não é, e viver o que é (im)possível, que faz qualquer coisa para tal intento. Com isso perde o humano que existe no ser, perda a ética do humano, que cuida de si e do outro em prol do bem comum.
 
E vamos constituindo-se em sujeitos, não-humanos, que tem possibilidades para a mudança ou para a manutenção da condição de humano que está sendo considerada loucura por vezes, ignorância por outras, m,as necessária cada vez mais.
 
 
Abraços a todos

julho 26, 2010

A vigência do Hedonismo

Olá Pessoal!

Vou colocar aqui hoje, apenas alguns poucos pontos de uma reflexão do dia. Hoje trabalhei numa cidade distante 180 km de casa, portanto andei bastante para desenvolver atividades com colegas professores e pude observar algumas preocupações interessantes, de tudo o que temos assistido nos nossos televisores, e também o que muito de nós professores, temos observaado em nossos alunos, pequenos, grande, e até em muitos de nós.
Estou falando da dificuldade que temos apresentado em lidar com a frustração, com o limite, com o interdito. EStamos vivendo num tempo que o hedonismo está reinando, triunfando até. Há uma enorme dificuldade em aceitar o tempo necessário para as experiências, tudo precisa gerar prazer, e assim vai. Os professores por vezes, quando na posição de "alunos" apresentam comportamentos similares àqueles que reclamam ser apresentados pelos alunos, e assim "segue o baile".
É urgente a necessidade de desenvolver-mos habilidades e comportamentos condizentes com uma ética humana, preocupada e voltada para o humano que habita em nosso ser.

Abraços a todos e até outro dia...

julho 13, 2010

Reflexões sobre a Velhice...

Estava lendo uma material a respeito da velhice e quero colocar aqui uma citação do texto - Aspectos Psicológicos do Envelhecimento de Valmari Aranha.

"O que caracteriza alguém como velho não é a idade cronológica, mas sim atitudes e pensamentos, como fixação em perdas, embotamento da curiosidadee, falta de desejo, de criatividade e de ilusões para enfrentar as dificuldades. Segundo Favez, a vida é uma sequencia de ilusões e desilusões. Nosso imaginário é uma alternativa constante nessas duas posições. A ilusão é indispensável, porque, quando cessam todas as ilusões - e este é um grave problema frequente na velhice -, há a queda das motivações, levando principalmente à depressão (p.258)".

Como repretidas vezes falo nas aulas de Psicologia Comunitária e em trabalhos junto a grupos de profissionais da Educação e de Entidades de Assistência Social, é fundamental que acreditemos nas utopias, de modo a torná-las ativas, ou seja, devemos trabalhar na busca ininterrupta de fazer com que os sonhos, as ilusões, as utopias de qualidade de vida, saúde, paz, aconteçam para todos os seres viventes da nossa atmosfera terrestre.


Está mais que na hora de resgatarmos as vivencias tribais, onde o coletivo ganhava destaque às atitudes individuais. Acredito que assim muitos dos problemas que temos vivido socialmente podem ser melhorados. A vivência de uma velhice de qualidade é uma delas, digna de respeito, admiração e empoderamento, afinal, se não ocorrer nenhum acidente no nosso caminho é para lá que vamos, para a velhice.


Abraços a todos e até mais!

abril 26, 2010

Olá Pessoal!

É interessante escrever em um blog. Principalmente quando a gente tem a sensação que niguém o observa, o lê, mas ainda assim, vou deixando algumas ideias gravadas, na imaginação que alguém tenha interesse em ler, ver, comentar, apesar disso ter alcontecido poucas, poucas vezes. Contudo, isso não tem tanta importância assim, o fato mais interessante é poder deixar gravadas algumas palavras.

E é isso que estou fazendo!
Vejam só o dia de hoje foi interessante, entre a manhã e a noite, muitos acontecimentos, entre eles, chuva, alagamentos na cidade natal, almoço e jantar com amigos, namoro com a esposa, enfim, um típico dia de domingo chuvoso que deixa o humor um pouco abatido.

Agora, estou esperando as horas passar para poder tomar o ônibus que me levará até Porto Alegre para uma formação. Este fato me deixou um pouco chateado, afinal eu não estava programado para tal fato, uma vez que acontece bem nos dias em que eu tenho muitas aulas, mas tudo bem, vamos lá, afinal faz parte do meu trabalho!
Como falava ontem após a palestra de Divaldo Franco, "a dor existe, o sofrimento é escolha!"

Amigos, abraços e boa navegação!
Se você leu até aqui, deixe um recado...

Nos próximos posts novas ideias....
 

março 27, 2010

Roubo de Água no Brasil!!!

Estão roubando a nossa água!!!

Navios-tanque traficam agua de rios da Amazonia

Por Chico Arao, da Agencia Amazonia


E assustador o trafico de agua doce no Brasil. A denuncia esta na revista juri­dica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organizaçao Mundial do Comercio (OMC) e o mercado internacional de agua. A revista denuncia: "Navios-tanque estao retirando sorrateiramente agua do Rio Amazonas". Empresas internacionais ate ja criarem novas tecnologias para a captaçao da agua. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, ja firmou contrato de exportaçao de agua com essa tecnica para a Grecia, Oriente Medio, Madeira e Caribe.

Conforme a revista, a captaçao geralmente e feito no ponto que o rio desagua no Oceano Atlantico. Estima-se que cada embarcaçao seja abastecida com 250 milhoes de litros de agua doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Medio. Diz a revista ser grande o interesse pela agua farta do Brasil, considerando que e mais barato tratar aguas usurpadas (US$ 0,80 o metro cubico) do que realizar a dessalinizaçao das aguas oceanicas (US$ 1,50).

Ha tres anos, a Agencia Amazonia tambem denunciou a pratica nefasta. Ate agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, "essa pratica ilegal nao pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vista que sao considerados bens da Uniao os lagos, os rios e quaisquer correntes de agua em terrenos de seus domi­nio" (CF, art. 20, III).

Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui a Agencia Nacional de aguas (ANA), entre outros orgaos federais, a fiscalizaçao dos recursos hi­dricos de domi­nio da Uniao. A lei ainda preve os mecanismos de outorga de utilizaçao desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a agua e um bem ambiental de uso comum da humanidade. E recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impoe-se salvaguardar os recursos hi­dricos do Pai­s de interesses economicos ou politicos internacionais, defende a autora.

Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de agua ja e realizado atraves de grandes petroleiros. Eles saem de seu pai­s de origem carregados de petroleo e retornam com agua. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos, primeira jurisdiçao a permitir a exportaçao de agua com destino a China e ao Oriente Medio carregando milhoes de litros de agua.

Nesse comercio, ate uma nova tecnologia ja foi introduzida no transporte transatlantico de agua: as bolsas de agua. A tecnica ja e utilizada no Reino Unido, Noruega ou California. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. Sua capacidade [a dos navios] e muito superior a dos superpetroleiros. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com  necessidade e a quantidade de agua e puxadas por embarcaçoes rebocadoras convencionais.

Ha seis anos, o jornalista Erick Von Farfan tambem denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minerios e madeiras nobres, agora a Amazonia esta enfrentando o trafico de agua doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estao reabastecendo seus reservatorios no Rio Amazonas antes de sair das aguas nacionais.

Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalizaçao da Agencia Nacional de aguas. O dirigente disse saber desta açao ilegal. Contudo, ele aguarda uma denuncia oficial chegar a entidade para poder tomar as providencias necessarias. Assim teremos condiçoes legais para agir contra essa apropriaçai indevida, afirmou.

O dirigente esta preocupado com a situaçao. Precisa, porem, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Poli­cia Federal, que necessitam de comprovaçao do ato criminoso para promover uma operaçao na foz dos rios de toda a regiao amazonica proxima ao Oceano Atlantico. Tenho ouvido comentarios neste sentido, mas ainda nada foi formalizado, observa.

*aguas amazonicas*

Segundo Farfan, o trafico pode ter ligaçoes diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autonomos ou missoes religiosas internacionais. Tambem lembra que ate agora nem mesmo com o Sistema de Vigilancia da Amazania (Sivam) foi possi­vel conter os contrabandos e a interferencia externa dentro da regiao.

A hidropirataria tambem e conhecida dos pesquisadores da Petrobras e de Orgaos publicos estaduais do Amazonas. A informaçao deste novo crime chegou, de maneira nao oficial, ao Instituto de Proteçao Ambiental do Amazonas (IPAAM), orgao do governo local. Uma mobilizaçao ate o local seria extremamente dispendiosa e necessitariamos do auxilio tanto de outros orgaos como da comunidade para coibir essa praticas, reafirmou Ivo Brasil.

A captaçao e feita pelos petroleiros na foz do rio ou ja dentro do curso de agua doce. Somente o local do desague do Amazonas no Atla¢ntico tem 320 km de extensçao e fica dentro do territorio do Amapa. Neste lugar, a profundidade media e em torno de 50 m, o que suportaria o transito de um grande navio cargueiro. O contrabando e facilitado pela ausencia de fiscalizaçao na area.

Essa agua, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Medio, trabalhar com essa agua mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar aguas subterraneas ou oceanicas. Alem de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilizaçao das aguas de superfi­cie existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:

O diretor de operaçoes da empresa Ãguas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as aguas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para paises com grandes dificuldades em obter agua potavel. Levar agua para se tratar no processo convencional e muito mais barato que o tratamento por osmose reversa, comenta.

Salve lembrar que tambem ha nessa açao o roubo de seus organismos vivos. Podem estar levando agua, peixes ou outras especies e isto envolve diretamente a soberania dos paises na regiao, argumentou Martini.

E nós, o que vamos fazer sabendo disso???

março 26, 2010

A Pobreza dos Ricos

Recebi este texto por e-mail, é de Cristovam Buarque, e penso que ele incita uma reflexão interessante. Não se trata de uma apologia a pobreza, mas um debate sobre a desigualdade. Boa leitura! A POBREZA DOS RICOS Escrito por Cristovam Buarque* 30 Março, 2005
Em raros países os ricos dispõem de tanta ostentação quanto no Brasil. Apesar disso, os ricos brasileiros são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E as vezes são assaltados, seqüestrados e mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos, mas não dormem tranqüilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais. Os ricos brasileiros usufruem privadamente de tudo que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Nas sextas-feiras, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não poderiam freqüentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a comer em restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de jantar escondidos, são obrigados a tomar o carro na porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro e seguir até o bar preferido para conversar sobre o que viram. Não é raro que o rico seja assaltado antes de terminar a refeição, ou no caminho de casa. Quando isto não acontece, a viagem é um susto até quando abre-se o portão automático, como as antigas pontes levadiças dos castelos medievais. E, às vezes, o susto continua dentro de casa. Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir seu patrimônio e no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. O rico brasileiro fica menos rico de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam em termos de insegurança e ineficiência. No lugar de usufruir de todo o seu dinheiro, é obrigado a gastar uma parte dele para proteger-se de perdas que sua riqueza provoca. Por causa da pobreza ao redor, os ricos brasileiros vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm que ficar mais pobres, gastando cada vez mais dinheiro apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente. Quando viajam ao exterior, se tiverem um mínimo de informação, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como destruidores de florestas na Amazônia, usurpadores da maior concentração de renda no planeta, assassinos de crianças na Candelária, portadores de malária, dengue, verminose. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros. Porém, a maior pobreza dos ricos brasileiros encontra-se em sua incapacidade de enxergar a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, há cem anos, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado o direito de trabalhar a imensa e ociosa terra de que o país dispunha. Se tivessem percebido esta riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao redor da riqueza. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada, com uma população sem miséria. A pobreza de visão dos ricos impediu-os de ver a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza só deles e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados. Achando que ao comprar água mineral se protegiam das doenças dos pobres, os ricos construíram viadutos para seus carros com o dinheiro que teria permitido colocar água e esgoto nas casas do povo. Montam modernos hospitais mas têm dificuldades para evitar infecções decorrentes da falta de esgotos nas cidades. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença. Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso, a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres elites ricas brasileiras. Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro, pois os pobres sairiam da pobreza e os ricos sairiam da vergonha, da insegurança, da ineficiência e da insensatez. Mas talvez isto seja querer demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas. * Do livro"Os Instrangeiros", de Cristovam Buarque; editora Garamond. Reprodução autorizada pela editora.
-- Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também se pode crescer com toques suaves na alma..." Ruben Alves

março 25, 2010

ConVERSO com o corpo...

Parece febre, o corpo dói, a garganta arranha! A pulsão escapa pelos poros e a energia vital parece fraca... O que me faz sentir assim? É físico, orgânico... É cansaço misturado com desprazer! É cansaço ruim!

fevereiro 17, 2010

Retorno!!!

Olá Pessoal!!! Retornei das férias, foram 2.500 km de um passeio muito agradável. Fomos até o Paraguai, visitamos os compadres no Paraná. Maravilhoso. Infelizmente aumentei 2 kg, mas valeu, agora é retomar os cuidados e as atividades físicas que tudo volta! É isso pessoal, agora é trabalhar, pois a bateria está totalmente carregada! Abraços

fevereiro 04, 2010

Salvamento!

Olá Pessoal!!! Continuo no litoral catarinense e quero gravar aqui os parabéns aos guarda-vidas de Itapema! Na semana passada estava passeando pela Orla de Meia Praia e presenciei o salvamento de um rapaz, se não me falha a memória no posto 3 dos guarda-vidas. Foi incrível a rapidez com que a dupla de "anjos da guarda" saiu correndo para realizar o salvamento. Fica aqui gravado os parabéns e o reconhecimento! Abraços E volto a dizer, usem filtro solar! Cuidado com a exposição ao sol!!! Abraços a todos!!!

janeiro 27, 2010

Segurança no trânsito!

Olá novamente! Hoje serão dois posts importantes. Queria ter postado este outro dia ainda, mas não o fiz por falta de conexão. Refere-se a segurança no trânsito. Fizemos uma viagem muito tranquila, aproximadamente 560 km muito tranquilos. Abaixo dicas do site direção segura: Direção segura: uma questão de atitude!

“Analise um acidente e você constatará, salvo raras exceções, que uma infração de trânsito foi cometida, quer por um, quer por dois ou mais envolvidos”. Leia mais ...

Quando um motorista está dirigindo, ele pode observar muitos fatos: - os veículos que estão à sua frente. - os veículos em sentido contrário. - o carro que se aproxima do cruzamento. - a distância que mantém do veículo à frente. - os veículos que estão atrás do seu. - outros acontecimentos. De acordo com o que está ocorrendo, o motorista pode tomar atitudes que tornam muito mais segura e econômica a condução de um veículo. E para isto, é necessário saber observar, “ ver o que está ocorrendo ” e então agir. Quase a totalidade dos acidentes de trânsito acontecem por causa dos erros que os motoristas e pedestres cometem. Analise um acidente e você constatará, salvo raras exceções, que uma infração de trânsito foi cometida, quer por um, quer por dois ou mais envolvidos. Em grande parte dos casos de acidentes de trânsito, além do culpado de fato, temos o motorista que “ estava certo ”, que mesmo tendo visto o erro do outro motorista, não fez nada para resolver a situação, pois julgava que estava certo, no seu direito e assim ridiculamente se envolve no acidente. Assim, para resolvermos as situações pelas quais passamos no trânsito, precisamos identificar o motorista que fará isto: nós mesmos. “ Se você não faz parte da solução, então você faz parte do problema ” Um exemplo de motorista que faz parte do problema é aquele que dificulta as coisas. Se ele está sendo ultrapassado, em vez de facilitar para o outro motorista, tirando um pouco o pé do acelerador, tornando o tempo da ultrapassagem menor, faz o que não se deve fazer: aumentar a velocidade. E muitas vezes quando em sentido contrário se aproxima outro veículo. É fácil perceber porque ocorrem as colisões frontais nestas condições. Se alguém faz algo errado que prejudique você, aja para solucionar o problema. A solução está em suas mãos, pois raramente quem está errado toma uma ação sensata. Dirigir de modo seguro é questão de atitude. Luiz Ernesto de Azeredo – Engenheiro e especialista em direção defensiva atua na área de projetos e programação de semáforos em Campinas-SP. É isso ai pessoal!!! Abraços e vamos seguir as dicas do Luiz

janeiro 25, 2010

Reflexões de Férias!!!

Olá Pessoal! Como diz o título são reflexões de férias, afinal todos precisamos descansar um pouco. Entretanto, isso não é sinônimo de esquecer deste espaço, muito menos de observar algumas coisas! Estou passando uns dias no litoral catarinense e como muita gente deixo a manhã reservada para ir a praia, pegar um sol, no horário adequado, tomar um banho de mar, enfim, aproveitando as férias! Neste período tenho observado as pessoas na praia e seus comportamentos. O que mais tem me assustado é que as pessoas se dirigem à praia nos piores horários, o uso do filtro solar é baixo, sobretudo os homens. Pessoas bastante queimadas do sol, estendidas na areia sob sol escaldante, sem proteção. Nos horários adequados poucas pessoas na praia! O pior é que muitas crianças também se expõe a sol, com pouca ou nenhuma proteção. Não podemos falar que falta informação, pois sempre aparece na televisão a importância do uso do filtro solar sempre, não só na praia. O que faz com que as pessoas tenham comportamentos contrários? Pulsão de morte? Use filtro solar!
Abraços a todos

janeiro 20, 2010

Falando sobre Dependência Química!!!

A cada dia uma nova notícia de pais acorrentando filhos em comodos de suas casas é veiculada na mídia. O desespero, toma conta do dependente, da sua família. A sociedade recriminando e julgando, e os casos vão se multiplicando. Não sabemos o que fazer, como fazer, quando fazer, com quem fazer, enfim, parece que falar em drogas implica numa "mistura" de sentimentos, conceitos, estereótipos e pouca, pouquíssima solução. No RS, assim como no país todo o uso do crack tem alcançado índices alarmantes. A RBS desenvolve a campanha Crack Nem Pensar, onde divulga uma série de informações sobre a droga, seus efeitos, etc. (veja mais aqui). O que tem me intrigado é a dificuldade no tratamento do dependente químico, sobretudo, do dependente do crack. O índice de recaída alcansa 90% e a evolução para a morte por violência e/ou consumo é bastante elevada. Fique atento à mudanças de comportamentos de seus amigos, filhos, conhecidos. Procure estar próximo, dialogar sempre. Este post, é um ensaio para algo que tem me despertado interesse em estudar, a dependência química e seus desdobramentos. Como ensaio carece de informações científicas, portanto não leve todas as ideias expostas aqui como conclusivas e totalmente acertadas. Mas acredite que precisamos discutir - e muito - a temática da drogadição. Abraços a todos

janeiro 17, 2010

Haiti, uma tragédia marcada pela "demagogia", mas uma possibilidade...

Olá Pessoal! Sem dúvida o dia 12 de janeiro vai demorar a ser esquecido pela tragédia que acometeu o povo de Haiti, um povo pobre, sofrido já devastado antes mesmo da catástrofe natural e agora demolido. Antes moralmente, hoje fisicamente. Mas o que me remeteu a escrever este post são algumas reflexões que tenho feito. A demagogia que declarei no título se refere às grandes potências mundiais. Mas o que quero falar isso? Vejam, me pergunto o motivo que todo o planeta se organiza para ajudar o povo Haitiano - que merece todo apoio neste momento - e não se esforça para se juntar na luta contra a desigualdade, contra a aids que assola a África, contra a brigas religiosas e tantas outras barbáries em diversas partes do mundo, como o aumento assustador do uso de drogas, brigas familiares, falta de saúde e muito, muito mais. A caminhada mundial de degradação ambiental, o terremoto do consumo desenfreado como mantenedor de um sistema capitalista que se preocupa com a produção, lucro, mas esquece da saúde, qualidade de vida, com a essência do humano. É uma ironia um planeta se unir para ajudar um povo, e não fazer o mesmo para fazer por todo o planeta! Vejam não sou contra o movimento de ajuda humanitária ao povo Haitiano, apenas estou questionando e provocando este movimento para que ele não deixe de existir. O mundo seria outro se reuníssemos todas as nossas forças para o bem do mundo, para a saúde de todos os povos, pela luta para minimizar as desigualdades sociais no Brasil e no mundo. É fundamental revermos alguns valores que temos vivido, precisamos resgatar o humano do ser humano. A justiça, o amor, a solidariedade, a amizade, a gratidão a coletividade. Para isso é fundamental questionarmos o individualismo, o consumo desenfreado, a despreocupação com o outro. Assim como em muitas outras áreas da vida, o planeta tem tentado nos ajudar, mostrando que precisamos cuidar dele, cuidando da gente! Por isso o caso do Haiti, de Angra dos Reis, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, enfim essas tragédias podem ser sinais para que olhemos com outros filtros para o mundo e para as nossa vida, para nossas práticas. Vamos usar as mesmas forças que estamos fazendo pelo Haiti, para que possamos fazer um mundo melhor! Repito, o Haiti precisa de nossa ajuda, mas nós também precisamos da nossa ajuda para melhorar o mundo e diminuir as tragédias humanas que temos fabricado ao longo dos tempos. Abraços a todos! Força para o povo Haitiano! Força para o mundo!

janeiro 15, 2010

Retornando!!!

Olá pessoal!!! Nossa quanto tempo... alguns meses distante daqui! Agora já estamos em 2010, então desejo que este ano seja muito, mas muito bom para todos nós. Vou tentar estar presente por aqui, mas o tmepo está ficando escasso e isso é bom, sinal que o trabalho está usando bastante tempo. Bem neste ano novos desafios, mas todos muito bons!!! Espero poder dividir com vocês as minhas conquistas e as belas lutas. No mais, posso contar algumas atividades dos últimos tempos... Estou com um novo "brinquedo"em casa... uma bike muito legal, tenho andado pela cidade, descobrindo novos pontos, e me exercitando. Isso ajuda a manter a perda de 16 kg que alcancei. Estou bem diferente que na foto ai ao lado! E ainda em dezembro li dois bons livros "Clube do filme" e "Falcão, mulheres e o tráfico", este último muito intrigante, e "declarador" da sociedade que estamos vivendo/fazemos parte e ainda fechamos os olhos! Acho que era isso para o 2010. Nos próximos posts vou dividir com vcs fotos de passeio de bike e tudo mais... Abraços