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maio 09, 2011

Um abismo entre dois mundos...

Muitas vezes as pessoas passam um tempo grande de suas vidas tentando preencher um espaço, que podemos descrever como a distância entre dois mundos. E esta analogia parece bastante inspiradora pelo que vamos tratar, pois é paradoxal, afinal não existem dois mundos apenas um, porém se nos permitirmos pensar brevemente a existência destes dois mundos, podemos ter o seguinte.

O primeiro mundo, representa aquilo que está distante, quase possível (portanto impossível por definição), é o que consideramos como nosso ideal, aliás muitas vezes este ideal transforma-se no objetivo ou meta final, o que acaba por aumentar a carga e o desgaste de energia tentando preencher o espaço entre mundos. Com isso já estamos tratando do outro mundo (aguarde que já tratamos dele). Neste mundo ideal, colocamos tudo aquilo que a imaginação permite, portanto tudo ou quase tudo, para não ser tão extremado na definição, trata-se de fantasia e por essa razão impossível pois não é real e nem pode vir a ser real, uma vez que identificado como ideal está configurado para sempre sofrer uma mutação. Desta forma por mais próximo que possa chegar do ideal (impossível) ele sofrerá uma mudança e consequentemente mantêm-se ideal.

Não quero confundir com o sonho, como um desejo possível que trabalhamos e tentamos conquistar, elemente essencial a vida humano.

No outro mundo, está o real, aquilo que temos acesso, vivemos, sentimos, cheiramos. Nem sempre saboroso, perfumado ou desejado, porém aquilo que está ai. É nele que passamos todo nosso tempo, e é este mesmo mundo que tentamos negar, fugir, correr em busca do ideal, e com isso passamos horas, horas e mais horas na ação e tentativa de preencher com alguma coisa o espaço entre estes dois mundos na tentativa de construir uma ponte ou uma passagem.
Por quanto tempo ainda vais fugir
de você e da realidade?

Falácia!

Como definido, o primeiro mundo é somente quase possível, portanto impossível, e na vã tentativa de ligação entre os mundos, perdemos a chance de viver tudo aquilo que o real nos apresenta e por vezes ficamos incapacitados de pensar, sentir, analisar e responder a tudo que existe de fato na nossa vida real.

E o tempo? O tempo vai passando, e junto com ele, o abismo permanece, por vezes este abismo configura-se no próprio sentido de nossa experiência de vida, um vazio, indefinível, talvez adquirindo as características de um buraco negro, sem fim nem espaços para segurar-se. Transmutando o real.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bacana a idéia do abismo. Eu nunca tinha pensado dessa forma, mas realmente o inquietante nem é o real ou a ausência do ideal, mas o abismo entre eles, que talvez justifique o estado depressivo que vivemos enquanto humanos num mundo onde, por exemplo, o ter se sobrepõe ao ser...abraço Simone

Felipe Biasus disse...

É extamente este o raciocínio que tentei organizar neste pequeno texto.

Abraços Simone