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janeiro 28, 2008

A Perda da Perplexidade

Atualmente as barbáries estão se tornando, ou melhor, estão sendo percebidas como algo natural, ou seja, as situações extremas têm sido normalizadas pela sociedade como um todo. Os acontecimentos aparecem, a mídia noticia, fazendo seu papel, mas esquece de problematizar e o mesmo o fazemos. Seres humanos que perdemos a capacidade de ficar perplexos diante da injustiça social, diante de uma criança com fome, diante de brigas e discussões na rua, diante de idosos precisando recolher produtos recicláveis para ajudar no seu sustento, diante de pais de família tornando-se adictos de álcool e drogas fazendo sofrer seus familiares. E tudo isso é influenciado pela nossa perda da perplexidade. As atrocidades que acontecem nos governos, que diariamente, são pautas dos diversos notíciários, demonstra a mesma perda. Não se discute, não se debate! A sensação que essa perda da perplexidade gera é um vazio, um vácuo na ida cotidiana, como se, simplesmente vivecemos para poder chegar a noite, dormir e acordar no outro dia, somando dias a nossa vida.
Tal perda evidencia um distanciamento daquilo que somos desde de sempre, seres gragários e dependentes do outro, do grupo entretanto, essa perda está fazendo com que deixemos de nos preocupar com o outro, inclusive com nossas futuras gerações. E apartir dessas idéias iniciais, sobre a perda da perplexidade, podemos fazer inúmeras elocubrações sobre a realidade social que estamos construindo. Podemos ventilar a idéia de que essa perda da perplexidade seja fruto do capitalismo que percebemos somente o desejo pessoal, onde o prazer é o objetivo total e que deve estar presente em todos os momentos de vida, como se, a frustração não existisse. Mas seria apenas uma justificativa, pois o importante é a mudança de comportamento.
Se você chegou até aqui na leitura dessas idéias que estou jogando ao vento para ver se reverberam em algum ser pensante, penso que algumas pessoas ainda não perderam tal perplexidade diante dos fatos e acontecimentos cotidianos. E posso dizer que este movimento de escrever é de alguém que deseja fomentar e estimular a perplexidade que nós seres humanos temos, mas que estamos perdendo.

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